5.7.15

Chegam nos seus automóveis de alta cilindrada, mas já não são como os de antigamente, novinhos, a estrear pela altura do verão. Os de agora, já não impressionam. Trazem muitas malas, o carro cheio de bugigangas, les garçons et les filles desordeiros como os nossos e com os mesmos brinquedos. Vêm cansados, mas agitados, continuam a fazer a viagem de carro, alguns tentando bater records dos anos anteriores. Polvilham os cumprimentos de francês e a maioria fala alto, ninguém sabe porquê, mas acredita-se que foi a forma que encontraram de se libertar, neste tempo de férias, do jugo patronal francês. Na vila, já ninguém se surpreende com nada do que trazem, com nada do que dizem, se lá fora já não está bom como dantes, por cá, está cada vez pior, o que importa é viver. Combinam-se almoços e jogos de futebol para os quinze dias, que os outros quinze são para ir à praia com os garotos. Há muitos beijos e abraços, algumas lágrimas, urros e gritinhos. A felicidade do reencontro é genuína, mas a saudade já não é o que era, todas as avós de Portugal já têm telemóvel e a França já não é o sonho do português. Para o bem e para o mal, agora (ainda) somos todos europeus.