28.7.15

[Quim]

Chegou a Metz perto da hora de almoço. Como de costume, desde que Sónia o tinha deixado, depois de descarregar o camião e tratar da papelada, decidiu apanhar um táxi e ir dar uma volta pelo centro, talvez comer qualquer coisa no Chez Mauricette, ver se a loira boazona que o tinha atendido no mês passado, ainda lá trabalhava. Estava disposto a levá-la para a suite que tinha reservado num dos hotéis centrais de quatro estrelas. Sozinho, não voltou a ficar na pensão St. Clément, lembrava-lhe demasiado Sónia. Confirmou o dinheiro que tinha carteira, cento e vinte euros, tinha de chegar, a gaja de certezinha que é daquelas que aceita uma "recordação".  Uma puta, são todas. 
A perna doía-lhe cada vez mais, percebeu ao dobrar-se para entrar no pequeno Citroen que servia de táxi. Tinha saído de Castelo Branco apenas com um pequeno formigueiro, nem tinha feito caso. Se a dor não abrandasse, teria de passar numa farmácia para comprar alguma coisa, nada muito forte, contava regressar a Portugal no dia seguinte. Tirou a pequena garrafa de conhaque do bolso do quispo e deu um trago. O taxista, um preto esguio, sorriu-lhe pelo retrovisor. Comment allez-vous, monsieur?